Criar um filho reduz significativamente as chances de reprodução de uma orca fêmea no futuro, de acordo com um estudo da Universidade de Exeter e do Centro de Pesquisa de Baleias. A pesquisa, publicada na revista Current Biology, constatou que a energia necessária para alimentar os filhos pode comprometer a saúde da mãe, deixando-a menos capaz de se reproduzir e cuidar de outros filhotes.
As baleias assassinas, também conhecidas como orcas, são conhecidas por seus laços familiares estreitos e estruturas sociais. Os machos permanecem dependentes de suas mães ao longo de suas vidas, exigindo até mesmo uma parte de sua alimentação. Essa dependência pode ser uma estratégia evolutiva, já que os machos maiores e mais velhos geram muitos filhos. As mães, por outro lado, sacrificam sua própria comida e energia para manter seus filhos vivos.
O estudo, que durou décadas, examinou a vida de 40 orcas fêmeas entre 1982 e 2021. Os cientistas descobriram que, para cada filho vivo, a probabilidade anual da mãe de criar outro filhote até um ano de idade era reduzida pela metade. Essa descoberta destaca o alto custo que as mães pagam em termos de reprodução futura para manter seus filhos vivos.
A população de orcas em questão, conhecida como Southern Residents, vive nas águas costeiras entre Vancouver e Seattle e está sob ameaça de extinção, restando apenas 73 baleias.
O Centro de Pesquisa de Baleias acompanha a vida dessa população há mais de 40 anos e produziu um censo completo da população residente do sul, o que permitiu aos biólogos realizar estudos multigeracionais. Esses estudos revelaram percepções críticas sobre o comportamento social e os laços familiares das baleias que afetam diretamente sua sobrevivência.
O estudo em andamento foi iniciado pelo Dr. Ken Balcomb com a intenção de examinar as ameaças à sua sobrevivência. No entanto, o estudo revelou vários insights importantes sobre a vida das orcas que só poderiam ter surgido após décadas de pesquisa. Por exemplo, a pesquisa revelou o papel vital das avós das baleias assassinas e por que, como os humanos, as fêmeas dessa espécie param de se reproduzir no meio de suas vidas.
De seus anos estudando as interações das baleias assassinas, os cientistas já sabiam que mães e filhos “saíam” juntos até a idade adulta do macho. “Eles até alimentam seus filhos com o salmão que pescam”, explicou o professor Darren Croft, da Universidade de Exeter. Isso pode ser uma espécie de “cobertura de aposta” evolutiva, impulsionada pelo fato de que os machos maiores e mais velhos geram muitos filhos.
Pode parecer paradoxal que animais tão poderosos e inteligentes permaneçam dependentes de suas mães ao longo de suas vidas, mas parece que os machos simplesmente não precisam se tornar independentes, porque sua mãe permanece ao seu lado.
As descobertas deste estudo são importantes à luz da atual ameaça à população de orcas da região. Atualmente, restam apenas 73 dessas orcas, então os cientistas dizem que precisam entender qualquer coisa que possa ajudar a tomar decisões sobre como proteger esses mamíferos marinhos.
“Essas orcas estão se equilibrando no fio da navalha e em risco de extinção”, disse o Prof. Croft. “Portanto, qualquer coisa que reduza a reprodução das fêmeas é uma preocupação para esta população.”