O Acompanhamento Pré-Natal é uma etapa essencial em qualquer gestação. Durante este momento, a mãe tem o apoio de uma equipe de profissionais, responsáveis por monitorar cada detalhe do desenvolvimento fetal. Além disso, é nessa etapa que muitas vezes são identificados defeitos congênitos e possíveis complicações para o bebê, como a Restrição do Crescimento Intrauterino (RCIU). A RCIU é definida como um crescimento fetal abaixo do normal para o potencial da criança, de acordo com a sua raça e sexo.
A Restrição do Crescimento Intrauterino pode significativamente aumentar o risco de morbidade e mortalidade, em comparação com bebês com crescimento adequado. Por isso, deve ser motivo de preocupação. A Dra. Bruna Pitaluga explica que alguns profissionais da saúde usam o peso do feto como critério principal e único para diagnosticar RCIU. “No entanto, esse indicador, analisado isoladamente, pode gerar uma interpretação equivocada do verdadeiro estado de crescimento fetal”, afirma.
A especialista recomenda o uso de outro indicador, associado ao peso do feto, para uma análise mais segura. Essa relação é entre a circunferência encefálica e a circunferência abdominal. Cerca de 70% a 80% das restrições de crescimento são assimétricas, ou seja, existe uma diferença entre o tamanho da cabeça (circunferência cefálica dentro dos parâmetros de normalidade).
A Restrição do Crescimento Intrauterino também pode ser identificada ao analisar o diâmetro biparietal. O diâmetro biparietal é medido a partir da distância entre os dois ossos parietais da cabeça do feto. A análise desses três indicadores – peso, circunferência abdominal e diâmetro biparietal – juntos pode auxiliar na identificação precoce da RCIU, evitando complicações mais graves. A Dra. Bruna Pitaluga reforça que é de extrema importância o acompanhamento pré-natal para a detecção precoce de problemas como estes, por isso é importante que a gestante esteja sempre atenta e acompanhada por um profissional da saúde qualificado.
Por que só o peso não é o suficiente para indicar restrição de crescimento do feto?
De acordo com a Dra. Bruna, essas alterações costumam ocorrer após 28 semanas de gestação. “Neste período começa a existir uma demanda metabólica por parte do bebê para que haja crescimento fetal visando ao ganho ponderado de dois quilos, aproximadamente, amadurecimento do sistema nervoso central e neurodesenvolvimento adequado”, explica.
No entanto, nesta fase alguns fetos não conseguem alcançar o seu potencial de crescimento e desenvolvimento, e, com o intuito de priorizar a sobrevivência do cérebro, passam a não armazenar energia no fígado. “Dessa forma, a circunferência abdominal começa a diminuir e por isso o peso não é o principal fator determinante para o diagnóstico de restrição de crescimento intrauterino”, esclarece a obstetra.
Bruna destaca que se existe uma boa correlação entre circunferência abdominal e circunferência cefálica e o peso está adequado, essa criança está em pleno desenvolvimento. “Mas se não existe uma boa correlação entre circunferência abdominal e circunferência encefálica, mesmo o peso estando adequado, não se iludam: isto é uma restrição de crescimento assimétrica”, afirma.
“Pequeno para idade gestacional”
É importante destacar também, segundo a médica obstetra, a diferença entre restrição de crescimento intrauterino e o conceito denominado “pequeno para idade gestacional” (PIG). “Realmente não se trata da mesma coisa. Como dito, a restrição se caracteriza quando uma criança não atinge o seu potencial de crescimento. Já uma criança considerada pequena para idade gestacional é aquela cujo peso, ao nascer, é menor do que o percentil 10 daquela determinada idade gestacional, conforme as normas populacionais dos gráficos de crescimento”, esclarece.
O percentil fetal é uma medida estatística que, a grosso modo, indica se o bebê é pequeno, médio ou grande em relação a outros bebês com a mesma idade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que seja considerada como referência de peso esperado os percentis 10 e 90. A Dra. Bruna explica que o termo pequeno para idade gestacional é utilizado para o peso do nascimento. “Então, se uma determinada criança nasceu, após um período gestacional de 38 semanas, e seu peso medido ficou abaixo do percentil 10, ela pode ser considerada pequena para idade gestacional”, diz.