Guillermo Lasso, presidente conservador do Equador, enfrenta um momento de grande pressão em seu governo. Diferente de outros governos da América do Sul, o de Lasso não está nas mãos da esquerda. Desde que assumiu o poder em maio de 2021, o presidente tem enfrentado derrotas nas urnas, a saída de aliados-chave e uma investigação no Legislativo controlado pela oposição, que no ano passado quase conseguiu seu impeachment.
Recentemente, a população equatoriana rejeitou em referendo uma série de propostas feitas pelo governo, como permitir a extradição de equatorianos procurados por crime organizado, reduzir o número de membros da Assembleia Nacional e retirar o poder do Conselho de Participação Cidadã e Controle Social (CPCCS) para nomear autoridades como o procurador-geral e o controlador.
Os resultados do referendo geraram consequências imediatas, com a renúncia do então ministro de Governo, Francisco Jiménez, e do conselheiro Aparicio Caicedo. Jiménez afirmou que liderar um país onde os adversários políticos estão sempre à espreita para dar um golpe de Estado não é fácil.
O ex-secretário de Comunicação da presidência, Leonardo Laso, culpou Caicedo pelo revés no referendo. Ele afirmou que havia avisado o conselheiro sobre o alto risco de realizar a consulta no mesmo dia das eleições locais.
Além disso, nas eleições locais, o partido Revolução Cidadã, do ex-presidente esquerdista Rafael Correa, venceu as disputas pelas prefeituras de Quito e Guayaquil, as duas maiores cidades do país. Correa, que tem uma pena de oito anos de prisão expedida pela Justiça equatoriana pelo crime de suborno, recebeu asilo na Bélgica no ano passado.
A consultora política Wendy Reyes afirmou que a popularidade de Lasso está em baixa devido aos problemas nas áreas de segurança, economia e saúde. O Equador vive uma disputa de grupos criminosos que gerou grandes massacres em presídios, e analistas apontam a atuação de grupos venezuelanos e colombianos na desestabilização do país.
Uma comissão da Assembleia Nacional está investigando supostos casos de corrupção em empresas públicas e deve apresentar seu relatório até o final da semana que vem. Um dos investigados é Danilo Carrera, cunhado de Guillermo Lasso. Gruber Zambrano, líder do governo na casa, disse que a investigação tem apenas fins políticos e que a oposição quer o impeachment do presidente para desestabilizar a democracia no país.
Em junho de 2022, Lasso foi alvo de grandes protestos e um processo de impeachment convocado por parlamentares aliados de Correa e ligados aos movimentos indígenas não foi adiante porque faltaram apenas 12 votos. No entanto, a situação atual do governo mostra que o presidente ainda enfrentará grandes desafios pela frente.